Sobre a revisão da Carta Educativa para Castelo de Paiva, dei o meu contributo à empresa FNWAY (que está a elaborar o documento):
Na preparação dos novos anos letivos, andam as entidades muito preocupadas com
o número de crianças inscritas para assegurar o funcionamento dos estabelecimentos
de ensino nos mais diversos lugares das freguesias do concelho de Castelo de Paiva.
No entanto, poderei dizer que nos últimos trinta ou quarenta anos, nunca vi da parte dos
responsáveis do território local ou nacional qualquer política que vá ao encontro deste
tema e trabalhe nos assuntos estruturantes, que nomeio cruciais, para atrair população
para o nosso concelho. Refiro-me a assuntos como o acesso à habitação e
acessibilidades, onde neste último tema acrescento um subtema muito importante,
transportes e mobilidade.
Vivemos numa era em que o metro quadrado para construção na área do Grande Porto
atinge valores que estrangulam os próprios residentes, os quais se vêm na preocupação
de se afastarem desse território. São pressionados pelos agentes imobiliários, pela força
do turismo, nómadas digitais e alojamento local a procurarem nos concelhos limítrofes,
no qual se poderia incluir o concelho de Castelo de Paiva, que dista a meros 40 kms.
É aqui que surge uma oportunidade para inverter as estatísticas dos Censos que nos
confirmam a perda de população nos últimos 30 anos. Receio que qualquer dia
deixemos de ter o título de Concelho em Castelo de Paiva para sermos agregados a
outros municípios de Arouca ou Cinfães. Esta oportunidade para sermos “dormitório” do
grande Porto será para aproveitar de imediato, com a esperança que brevemente seja
publicado no Diário da República algo que nos foi prometido há mais de 30 anos, a
ligação da Variante da EN 222 à A32 e a ligação da IC35 de Entre-os-Rios a Penafiel,
pois ficaríamos mais perto das vias estruturantes a nível nacional, A1, A41, A32, A20,
A29, A3 e A4.
Quanto à habitação, existe muito terreno, propriedade do próprio Município, que não
está disponível para a população, não conhecendo qualquer justificação plausível para
não ser entregue aos munícipes. Os processos para construção nos terrenos
particulares que entram nos serviços da Câmara Municipal demoram cerca de dois ou
mais anos para serem aprovados, levando a desistências dos próprios interessados.
Posto isto, urge inverter-se este cenário para que a população não saia para os
concelhos vizinhos (Santa Maria da Feira, Penafiel e Marco de Canaveses).
Quanto aos transportes, anexo uma reclamação de um cidadão da Freguesia de
Sebolido e Rio Mau, o qual se lamenta da injustiça dentro do mesmo território (CIM
Tâmega e Sousa). De notar que ambos os locais distam à mesma distância do grande
Porto, mas as freguesias de Castelo de Paiva têm mais população e um número de
horários dez vezes inferior.
Os cidadãos de Castelo de Paiva levantam-se mais cedo, andam mais horas fora de
casa e contabilizam ao final do mês mais gastos, pois acabam por despender cerca de
200 a 300 euros mensais em despesas de deslocação, com todos os prejuízos inerentes
no bem-estar e qualidade de vida, como a falta de acompanhamento na educação dos
seus filhos e menos tempo útil disponível para outros interesses.
Importa referir que está já em prática uma modalidade, ao abrigo das diretivas europeias
para a descarbonização, que se materializa num passe mensal entre Porto e Castelo
Paiva no valor de 40 euros (anexo esse cartaz para lembrar que este é o caminho). De
forma incrédula, não vejo os órgãos autárquicos a divulgar o assunto junto da
população. Pergunto-me qual será o objetivo: será para disfarçar o assunto e não se
falar na falta de horários nos transportes públicos?
Desde janeiro de 2020, após a nacionalização nos transportes, Castelo de Paiva passou
a ter cerca de uma quarta parte dos horários que dispunha antes deste processo ter
iniciado. Disfarçadamente passou ao lado do conhecimento geral da população por ter
coincidido com a Pandemia COVID-19.
Trabalho no Porto e resido em Castelo de Paiva. Viajo todos os dias, há mais de trinta
anos, para a cidade do Porto, e considero que tenho a segurança suficiente para estar
convicto no meu pensamento.
Na esperança de que estas palavras acrescentam algo ao processo, disponibilizo-me
para qualquer diligência ou para fornecer mais informação que acharem pertinente.
O objetivo é termos mais população e, principalmente, mais crianças em Castelo de
Paiva.
Anexo alguns documentos que fundamentam o que escrevi.
Os melhores cumprimentos,
João Teixeira