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ENTREVISTA EXCLUSIVA com Carlos Ferreira: A Arte das Estátuas Vivas

Carlos Ferreira, um mestre das estátuas vivas, partilhou a sua emocionante jornada artística numa entrevista exclusiva para o Pejao.net. A sua paixão por esta forma de expressão começou em 2007, quando decidiu participar num evento em Espinho. Ao longo dos anos, Carlos foi premiado e teve a oportunidade de viajar por todo o mundo, expandindo as suas técnicas e conhecendo novos artistas.

Ser uma estátua viva apresenta desafios, como a imobilidade e o esforço físico, mas a sua equipa encontra maneiras de lidar com esses desafios. A sua preparação e treino são contínuos, buscando aperfeiçoar constantemente as suas técnicas.

As reações do público são memoráveis, com as pessoas frequentemente surpreendidas ao perceberem que Carlos não é uma estátua de verdade. Ele escolhe os personagens e temas das suas performances com base em pedidos de clientes e desafios pessoais.

Durante as suas apresentações, ocorreram situações inusitadas, como espectadores que começaram a rezar em frente à estátua e casais de namorados que se aproximaram para beijá-la.

Carlos acredita que o seu trabalho dignifica a sua região e, finalmente, está a receber reconhecimento em Castelo de Paiva. Para o futuro, ele deseja continuar a expandir as suas performances e está aberto a novos membros na sua equipa.

Os prémios ao longo da sua carreira foram muitos, mas um deles o impulsionou internacionalmente: vencer em Espinho permitiu-lhe representar Portugal no concurso World Living Statues na Holanda. Este prémio abriu portas e impulsionou a sua carreira.

Leia baixo a entrevista na íntegra.

**1. Como descobriste a tua paixão por te tornar uma estátua viva? Como tudo começou?**

Na verdade, estudei artes em Espinho, a minha cidade natal, onde já se realizava o maior evento de estátuas vivas. Em 2007, tomei uma decisão que mudaria o rumo da minha vida. Mais do que apenas fazer de estátua, percebi que esta arte era uma oportunidade incrível para expressar a minha criatividade e aplicar as técnicas de artes plásticas que estava a aprender. Nesse ano, fui premiado, o que me incentivou a continuar nos anos seguintes. O reconhecimento constante me permitiu viajar pelo mundo, atuando em países como Singapura, Israel, Macedónia, Roménia, Bélgica, Holanda, Espanha e, claro, Portugal de Norte a Sul. Esta jornada evolutiva culminou com um pedido especial de Israel para duas estátuas minhas, o que me levou a formar um grupo de amigos para responder a múltiplas solicitações.

**2. Quais são os desafios de ser uma estátua viva? Como eu e a minha equipa lidamos com as longas horas numa posição fixa?**

Enfrentamos diversos desafios, cuja dificuldade varia de evento para evento, dependendo do país, clima, posição da estátua e trajes utilizados. Atualmente, poucos festivais exigem imobilidade total. Contudo, mesmo sem imobilidade absoluta, o esforço físico, após um determinado período, começa a ser sentido. Para enfrentar este desafio, procuramos abstrair-nos, interagir com o público ou encontrar maneiras de tornar o tempo mais suportável.

**3. Fala-me um pouco sobre a minha preparação e treino para me tornares uma estátua viva. Quanto tempo levou para aperfeiçoares a minha técnica?**

Estou envolvido com as estátuas vivas há 16 anos e, mesmo assim, continuo a aperfeiçoar as minhas técnicas. Este mundo está em constante evolução. Além de pesquisas e contatos com outros artistas, participei em concursos desafiadores, apesar de considerar que comparar a arte nem sempre é justo, dado que cada artista possui ideais, técnicas e expressões únicas. No entanto, esses concursos representam desafios que me incentivam a manter um alto nível na minha arte e buscam reconhecimento.

**4. Quais são as reações mais memoráveis que observaste nas pessoas enquanto te apresentavas como estátua viva?**

As reações do público são o que nos mantém motivados. Quando ouvimos comentários incríveis, como “pareces uma estátua de verdade, não uma pessoa”, sentimos que alcançámos a excelência na nossa arte.

**5. Como seleciono os personagens ou temas para as minhas performances? Existe algum que seja o meu favorito?**

A escolha dos personagens e temas envolve pedidos de clientes e os desafios que me são propostos. Também gosto de explorar personagens que despertam a minha curiosidade ou que me transportam para outras épocas. Cada personagem tem o seu encanto, mas destaco alguns como Afonso Henriques, Pedro e Inês de Castro, Antonio e Cleópatra e, atualmente, a estreia de “A Bela e o Monstro”.

 

**6. Alguma vez aconteceu algo fora do comum durante uma das minhas apresentações? Tenho alguma história engraçada ou inusitada que possa partilhar?**

Aconteceram situações verdadeiramente caricatas ao longo dos anos. Duas delas destacam-se: num evento, um senhor começou a rezar e agradecer em frente à minha estátua, enquanto eu permanecia imóvel para não interromper aquele momento especial. No entanto, a audiência decidiu interferir, pedindo para colocar uma moeda na estátua e pedindo-me para me mexer. Outra situação engraçada envolveu um casal de namorados que se aproximou para se beijar enquanto estava imóvel, e o susto deles quando finalmente perceberam que eu era uma pessoa real foi impagável.

**7. Qual é a minha opinião sobre como o meu trabalho dignifica a nossa região?**

Acredito que o meu trabalho é uma forma de mostrar o talento e a diversidade artística da nossa região, destacando-a no cenário cultural.

**8. Sinto que tenho o devido reconhecimento em Castelo de Paiva?**

Pela primeira vez, começo a sentir algum reconhecimento este ano, talvez devido aos vários contactos e trabalhos que realizei no concelho.

**9. Qual é a perspetiva de futuro para este projeto? Onde gostaria de chegar?**

O futuro é incerto, mas o meu objetivo é manter esta arte viva com dignidade e qualidade. O melhor deste trabalho são os contactos e solicitações inesperados que continuam a surgir, proporcionando-me oportunidades para novos trabalhos diferenciados.

**10. Como alguém pode aderir a este projeto e fazer parte da minha equipa?**

A minha equipa cresceu organicamente, formada por familiares e amigos de confiança. Embora não tenha sido um objetivo inicial, estou sempre aberto a considerar novos membros que possam contribuir com paixão e criatividade.

**11. Quais prémios já ganhei? Qual deles deu maior projeção ao meu trabalho?**

Perdi a conta aos prémios ao longo da minha carreira, mas um deles teve um impacto significativo. Foi um prémio em Espinho que não apenas me recompensou financeiramente, mas também me deu a oportunidade de representar Portugal no prestigiado concurso World Living Statues na Holanda. Este prémio abriu portas e impulsionou a minha carreira para novos patamares.

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foto: Carlos Xavier

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